O relógio assemelha-se frio
Maldito tempo, hora vasta
Leve de mim o funesto vazio
A solidão num copo d'água imersa
Refletida no vago olhar
A vida me olha e depreza
Não penso e nem ouso parar
Sou filósofa, médica e poeta
Temo na medida do pensar
Incessantemente, a mente aberta
Penso para logo indagar
Invento paixões que distraem
Matuto até algum fim
E os sonhos desmancham e caem
E a tirania prevalece, mesmo assim
Me olho no espelho e vejo
Existe um outro em mim
Lápis e mente, lampejo
Porventura delíro em Manfrim
Meu nome pergunto à Rosa
vermelha, de perfume encantador
e com voz delicada e tenebrosa
ela diz que em mim, só vê a dor
Por Amélia Maria Macedo
Um comentário:
Queria ser a Rosa,
pra dizer com uma outra palavra, que a dor que vejo em seus olhos, não passa de uma cilada.
Diria que o que vejo vai além da compreensão
de um mero ser humano,
vagueia na imaginação
de seu doce olhar tirano
Diria que o que vejo é o amor, da jovem que ama a dor.
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