terça-feira, 13 de julho de 2010

Dont's. (Parte 1)

Eu não queria contar assim, o que pra mim, causou tanto desespero. Porém, desde que me conheço por gente, coloco o que me assusta num papel, e não vai ser dessa vez que vou fazer diferente. Mesmo que essa vez, tenha sido distinta de toda minha vida. Eu não li o medo, nem assisti a ele. Eu vivi o medo. Eu senti meus pêlos eriçados. Eu senti meu corpo tremendo. Eu me vi num filme de terror, onde a donzela fica cara a cara com o lobo mau, e o príncipe não pode salva-la por já estar morto. Ah, e é claro, a trilha sonora, que era apenas composta por gritos, de sofrimento e desespero. Será crueldade de minha parte contar a vocês? Hm... talvez. Porque aí sim, vocês saberão que o mal realmente existe, e que ele está em todos os cantos, em muitos dos gestos, em muitos encantos. Não será tão cruel, pois muitos de vocês não acreditarão em minhas singelas palavras. Caso contrário, nessa noite serei a vilã principal. Todavia, conhecendo o mal, sei bem que eu, ingênua que sou, jamais seria apta a tais absurdos, como induzir os piores pecados à mortais, trazendo a Lúcifer, mais associados, ao que chamamos de maneira extremamente leiga de INFERNO.

Era um dia qualquer, em um cidade qualquer. Realmente, nada disso importa. O que preciso enfatizar é que, a cidade era turística, e muito misteriosa, mas de um jeito que não me deixou curiosa a principio. O lugar era rústico, típica cidadezinha de interior. As pessoas pareciam tristes, mas mesmo assim, eram muito bonitas, e todas muito ricas. O tour para conhecer a cidade foi feito pelo mesmo monitor das outras cidades francesas, pois não havia ninguém disponível para nos explicar um pouco mais do lugar.
Meus pais tinham decidido fazer um segunda lua de mel, para a cidade natal de minha mãe, Lucca, na Itália. Eu e minhas irmãs Fleur e Victorine, ganhamos passagens, mas preferimos guardar o dinheiro, e fazer um tour pelo nosso país, a França. Morávamos em uma das maiores cidades francesas, Lyon. E por incrível que pareça, eu, Caterine, filha mais velha de Agnella e Serge, apenas deixará Lyon duas vezes. A primeira vez, fui visitar uma amiga em Paris, e a segunda vez foi quando fui para Inglaterra fazer um curso de inglês, numa cidade conhecida como Londres à beira mar, a incrível cidade de Brighton. Desde sempre quis conhecer meu país dessa maneira, fazendo um mochilão. Porém, nunca imaginei nos mistérios e nos perigos que estavam por vir.
Estranhamente, uma casa com aspecto abandonado, fazia parte da apresentação turística da tal cidade. Antes de qualquer pergunta, o monitor já se adiantou, e deu os seguintes conselhos
"Essa casa é conhecida como 'A Casa do Pecado', é uma loja de acessórios e roupas, das marcas mais almejadas do mundo. Entrem, observem, admirem, mas por favor, não toquem em nada. Se o desejo de comprar algum ítem da loja for muito grande, verifique o valor, deixe o dinheiro no caixa, e retire na saída". Achei aquilo muito estranho, mas obviamente tive medo de testar o joguinho do monitor. Principalmente depois de dar uma olhada ao redor, e perceber que, o caixa estava vazio, e não tinham vendedores na loja. Ninguém. Niguém para ajudar. Ninguém para efetuar as compras. Ninguém.
Meu coração começou a bater mais forte, então resolvi sair da ''loja'' para respirar um pouco. Respirei, respirei, respirei. Aí sim, me senti viva novamente. E de repente, senti um vazio enorme em meu peito, e só consegui pensar num nome... Victorine. Minha irmã caçula, viciada nas tais marcas de luxo. Senti um calafrio, e meus pêlos do braço estavam tão eriçados que pareciam furar meu casaco de algodão a Ralph Lauren. É. Realmente... entrar numa loja daquelas sem tocar e comprar nada, seria impossível para mim e minhas irmãs. Chamei-as, e decidimos juntas que cada uma teria direito a uma compra. Minha preocupação era Victorine, afobada do jeito que era, acabar tocando, sem querer, em algum pertence da loja. Perto da conclusão do meu pensamento, fui interrompida por gritos. Ah sim. Alguém teria tocado em algo. Gelei. E já pensei em Victorine morta. Fui até o caixa correndo, nem senti o medo. Olhei para o lado esquerdo, e encontrei. Algo que era suspeito, mas que eu preferiria não ter visto com meus próprios olhos, para então, aquilo tudo poder ficar para mim como uma historinha de monitor de viagem. Porém esse pedido se tornou INVIÁVEL.
A cada segundo passado, a história que no começo interpretei como piada, chegava mais perto de um conto de terror. Alí, no canto esquerdo, o qual eu senti calafrios, notei inúmeros cadáveres, e todos com algum pertence luxuoso em mãos. Olhei para o centro da loja, e observei Victorine, ficando na pontinha do pé para tentar tocar em alguma coisa de cima. Gritei, sem nem pensar no que poderia me acontecer "VICTORINE! NÃO TOQUE EM NADA!", ela se assustou com meu grito, e desiquilibrou-se, caindo para trás e derrubando uma estante.
Meu medo já me possuia por completo, e a luz se apagou, como se fosse algo planejado. Gritos enfraqueciam meus ouvidos, e meu estômago, roncava como se não dormisse há anos.
[A CONTINUAR]